sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Rimas, ponto e virgula.

Era um texto mal feito, mal escrito, e a letra também nao era das melhores... O papel tava amassado, com um borrão enorme de café bem no meio, e por incrível que possa parecer... era o que dava charme e forma ao conteúdo mal conduzido. Aquilo me intrigava, não pela mancha do café que acho cliche demais, mas as entrelinhas que eu, mais escritora que leitora, poderia ver e admirar mais do que qualquer um. Comecei a juntar os pedaços das palavras separadas por silabas de uma letra mal feita, e a desamassar a história e o me embolar no emaranhado de linhas azuis que so me davam a cada segundo a certeza de que eu estava prestes a me apaixonar novamente. Tudo aquilo foi ganhando cor, alma, e forma. Os cabelos eram pretos lisos, e a barba enorme, mal feita, como de costume para dar graça e poesia ao texto, mas na verdade não havia nada de feio ou mal feito. Mal feito mesmo era aquele borro de café de merda estragando minha história, nao vou dizer que quero um amor que goste de café para soar mais bonito e poético da minha parte! Chega de clichê, por que bonito mesmo e o que a gente sente. E eu ja senti o gosto do café, é amargo! Meu amor cheira a alecrim e tem gosto de baunilha que eu odeio! Odeio baunilha tambem, e odeio o amor, por isso ele tem esse gosto. É tudo medo! Medo de gostar de sorvete de baunilha e engordar, medo de amar, me perder, me entregar. mas se e pra ter gosto do que não gosto... por que ele nao tem gosto de café, o meu amor? Bem... Vos digo minha opinião! Café é amargo, eu penso logo no beijo! Nao adianta por açúcar o suficiente para um bom amador de café, ele ainda será amargo... e se ultrapassar no açúcar, será um amargo enjoado, por que sua essência e amarga, e logo penso... não podemos ser o que nao somos. Quem nasceu pra ser amargo, jamais sera doce! Entao, um beijo sabor baunilha por favor! Sem medos, arriscando, e que eu engorde, que eu ame, que eu me acostume com sua aparência amassada, velha, torta, mal feita, e com um borrao de cafe bem no meio! Que eu me acostume com seu jeito torto de ser como eu. E que eu consiga fazer com que isso nao seja apenas mais uma página jogada no chão do meu quarto. Mais uma página arquivada, esquecida, por algumas lágrimas ou falta de compreensão. Vamos devagar, eu escrevo, aprendi a ler as entrelinhas apenas por isso. Ja disse, sou boa escritora, nao leitora, vamos com calma. Um passo de cada vez, um abraço de cada vez... Focê foi a página de um livro que alguem jogou fora ou ate mesmo voou com o vento numa dessas tardes cheias de pessoas vazias. Nessas tardes frias, de papeis amassados, borroes de café,  e entrelinhas apaixonantes.

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