quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A criança da rua do meu colégio


Em mais uma longa caminhada à minha rotina infernal, lá estava eu, me sobrepondo aos reflexos matinais  de uma segunda feira ensolarada. Procurei-a, na varanda do segundo andar debrussada como de costume, fitando me com aqueles seus grandes olhos castanhos, trocando com aquele ar que eu respirava, varias fragancias de rosas amassadas com um leve frescor de menta. Nao estava mais, nem os olhares que tanto me intimidavam, nem o ar fresco das tais rosas, muito menos as cores mais felizes do meu dia.
Varios questionamentos  adentraram em minhga cabeça, será que fora por motivos de saúde o motivo de sua ausencia?  Ou por filhos? Será que ela tinha alguem? Por alguns segundos, o seu sorriso ficou na minha cabeça, e eu sorri.
Passaram-se os anos, e eu nem os vi, mas eles passaram como uma tapa na minha cara me deixou algumas rugas, e uns sinais de velhice. Decidi entao passar novamente por sua casa, e olhar para sua varanda, por tantos anos fora o motivos dos meus sorrisos e das minhas alucinações. 

Ao meu queridíssimo amigo Gustavo.


Por mais forte que estivesse o sol que brilhava naquele infinito azul de mar que havia diante nós, não era o suficiente para esquentar os nossos corpos distantes, distantes até certo ponto, ponto esse definido no cruzamento de dois sorrisos saudáveis, distintos, e sedentos, sedentos, um do outro.
Conversavamos bobagens nao muito pensadas,  e eu nao parava de rir, e nem de olhar seus olhos castanhos-claro.  Ele me observava sorrir, e seus olhos muitas vezes  paralizavam no meu sorriso, riso, e iamos perdendo o siso. E quando nos demos conta do horario, ja havia passado das 12 e meu pai iria me matar, pois disse que só ia dar uma volta com umas colegas do colegio, e disse a meu namorado que iria a praia andar com minha mãe... Mas eu estava lá, com aquele meu amigo que era mais meu do que de qualquer outra pessoa.
Perdemos alguns minutos em silencio, talvez até horas, e nao precisavamos de outra coisa, só do calor do nosso momento, da nossa inexplicavel sintonia, e por todas as coisas que só nós dois entendiamos.
Eu ja tinha perdido o ultimo ônibus, e ja tinhamos resolvido ir a pé mesmo, e fomos, e no caminho para casa, eu dançava embalada pelo vento forte que soprava do oeste, e ele me acompanhava.